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25 de Abril de 2024

SUS: perspectiva integral e acesso universal e igualitário

há 10 anos

SUS perspectiva integral e acesso universal e igualitrio

As demandas de atenção à saúde em um país com mais de 200 milhões de habitantes são perenes, tanto as velhas quanto as novas – decorrentes do desenvolvimento exponencial da medicina nos últimos 20 anos.

Ao mesmo tempo, ainda não estabelecemos uma assistência à saúde capaz de concretizar em plenitude uma conquista democrática, inscrita na lei maior do país, a Constituição Federal, que é: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Art. 196).

A pergunta, sobretudo em época de eleições, é: se o Estado é o responsável, como tal dever se materializa? A Constituição Federal também responde: “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III. Participação da comunidade” (Art. 198).

Eis o Sistema Único de Saúde (SUS), que é público, mas não é gratuito: é financiado com dinheiro de impostos pagos por toda a população. Há obrigações constitucionais definidas para as três esferas de governo, as competências de cada uma, da responsabilidade financeira ao estabelecimento da Política Nacional de Saúde, orientadora do Plano Nacional, do Estadual e do Municipal de Saúde, visando viabilizar o SUS! É papel do Ministério da Saúde elaborar a política, e é dever dos governos locais, estadual e municipal, executá-la.

Os Estados, todos, clamam por um Plano Estadual de Saúde capaz de incorporar as necessidades mais prementes do povo em vulnerabilidade quando doente, diante da insuficiência e deficiência dos serviços de saúde. Porém, os governos estaduais e municipais parecem não se preocupar com mais nada além da choradeira de que não há dinheiro e esperam que tudo caia do céu do “Papai Grande” (o governo federal), inclusive os recursos humanos da saúde!

Temos de desconfiar de candidaturas que prometem “mundos e fundos” aos pedaços na saúde, completamente descolados do SUS, que é uma política de Estado, logo independe do desejo do governante de plantão!

O Mais Médicos, em regime de trabalho precário (contratos temporários), é apenas a encenação de meia solução, pois, embora ajude bastante a quem não contava com médico nenhum, não resolve o problema de modo mais permanente nem consolida o SUS de modo sério.

É preciso que tenhamos convicção de que a solução está no âmbito dos governos estaduais, principalmente por meio da realização de concurso público para uma carreira de Estado para médico do SUS, objetivando alocar médicos com estabilidade e garantias trabalhistas reais em lugares onde eles são necessários, estabelecendo assim recursos humanos comprometidos com a saúde pública e a tornar o SUS cada vez de qualidade.

Em poucas palavras, é preciso pressionar para que as candidaturas assumam o compromisso de abolir a precarização do trabalho médico, o que certamente mudará a “cara” do SUS, pois fixará os profissionais nas regiões mais necessitadas e mostrará ao país o que o SUS de fato preconiza.

Não é pouco: é quase tudo de que o povo precisa!


Fonte: http://www.geledes.org.br/sus-perspectiva-integraleacesso-universaleigualitario/

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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/sus-perspectiva-integral-e-acesso-universal-e-igualitario/127983834

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Muito 'engraçado' a CF/88 adota o federalismo no entanto concentra todo o poder na união federal, federalismo de mentirinha, federalismo no papel somente.
A união faz dos estados e municípios seus servos e agora a articulista quer o que com esse "chororô' governamental parece que a mesma trabalha pro governo.
O governo acostuma mal suas crias (estados e municípios) e depois fica com esse chororô sem fim. Solução, competência e investimento é o que falta para este governo.
O mais médico é engodo mas já que tá ai o próximo governo vai não extingui-lo mas aprimorá-lo, só para deixar registrado no Brasil não falta médico o que ocorre é que eles estão mal distribuído no solo brasileiro, a concentração é nas capitais... as razões dispensam maiores comentários. Fui. continuar lendo

No dia em que a União Federal entender qual seu verdadeiro papel no pacto federativo, entender que o Brasil, constituído pelos municípios, não são como um tabuleiro de xadrez, onde cada quadrado tem igual dimensão, simplesmente repassando sua parte constitucionalmente definida e permitindo que cada município invista nas necessidades que realmente precisa na saúde, talvez tenhamos pelo menos 70% de melhorias na saúde e também na educação. Por enquanto a União dá elefantes brancos, dita o cardápio e exige que sejam aceitos. (Ex. Recursos para construir postos de saúde, veículos novos, CRAS etc.) Agora, os municípios que os sustentem, espremidos que ficam pela Lei de Responsabilidade fiscal que não permite mais que 51,30% das receitas em despesa com pessoal, estes ganham veículos mas não podem contratar o motorista, ganham o posto mas não podem contratar o pessoal. Gente não é choradeira, é que não há ração para tantos elefantes. O povo cobra o veículo parado, o novo posto sem médicos e ainda culpam o governo municipal. Isso pode mudar, mas só depois que houver respeito pelo pacto federativo. continuar lendo