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26 de Abril de 2024

A justiça dos EUA recusa que as universidades priviligiem as cotas raciais

O Tribunal Supremo permite aos Estados proibir em referendo que sejam considerados critérios de raça nas admissões de alunos

há 10 anos

Publicado por Cristina F. Pareda

A justia dos EUA recusa que as universidades priviligiem as cotas raciais

Estudantes aplaudem durante o ato de graduación na Universidad Pepperdine de Malibú (Califórnia, EUA). / REUTERS

O Tribunal Supremo dos Estados Unidos respaldou a suspensão da discriminação positiva nas universidades públicas de Michigan. A sentença, anunciada nesta terça-feira, dá razão ao Estado e abre passo para que outros suspendam também uma das leis que serviram para impulsionar o acesso das minorias raciais à educação superior.

O Estado de Michigan recusou em referendo a utilização da discriminação positiva, conhecida como “affirmative action” e que foi aprovada na década dos anos 60 para garantir que estudantes de minorias raciais e com menos recursos econômicos tivessem praça nas universidades públicas de todo o país. O referendo, com 58% dos votos a favor, modificou a constituição estatal para proibir os centros educativos que considerassem a raça como um fator na decisão de admitir ou não a um aluno.

A decisão do Supremo, respaldada por seis juízes contra dois -a juíza Elena Kagan foi recusada-, não anula a constitucionalidade da discriminação positiva, mas sim reconhece o direito dos cidadãos a proibir sua aplicação através de um referendo. A partir de agora, as universidades poderão eliminar esta controvertida medida que, apesar de seu sucesso, sempre foi atacada pelos setores mais conservadores ao considerar que estudantes brancos estavam sendo prejudicados.

A sentença reflete a divisão que suscita esta lei, já que os magistrados que votaram a favor do Estado de Michigan apresentaram três opiniões diferentes. “Não se trata de como devemos resolver o debate das preferências raciais”, escreve o juiz Anthony Kennedy, “senão de quem deve resolvê-lo”. Segundo Kennedy, essa competência cabe aos cidadãos. O juiz defende além disso que os norte-americanos podem preferir agora a eliminação dos critérios raciais “pelo ressentimento” que despertam.

La Constitución não protege às minorias raciais das derrotas políticas. Mas também não entrega à maioria o direito a erigir barreiras seletivas na contramão das minorias".

Sonia Sotomayor, juiz do Tribunal Supremo

Os juízes mais progressistas da corte, Sonia Sotomayor y Ruth Ginsburg, votaram na contramão da sentença. Eles recusam a decisão de Michigan por considerá-la “um golpe contra grupos historicamente discriminados e que confiam nos tribunais federais para proteger seus direitos constitucionais”.

“Sem controles, leis aprovadas democraticamente podem oprimir as minorias”, escreve Sotomayor em sua sentença, respaldada por Ginsburg. “[Os juízes] não podem ficar sentados esperando uma mudança, mas devem enfrentar a desigualdade racial que existe em nossa sociedade”. Os juízes alegam que este caso é um exemplo dos limites necessários para proteger zs minorias e garantir sua igualdade perante as leis."A Constituição não protege as minorias raciais das derrotas políticas", incide Sotomayor."Mas também não entrega à maioria o direito a erigir barreiras seletivas na contramão das minorias".

A juíza Sotomayor reivindicou em numerosas ocasiões que ela entrou na Universidade de Princeton graças à discriminação positiva, através de um programa que impulsionava a incorporação de jovens hispanos, e defendeu abertamente sua vigência. O juiz conservador Clarence Thomas, afroamericano, também relatou que seu acesso a Yale se deveu a esta medida. No entanto, está a favor de retirá-la.

Nos últimos anos, várias demandas trataram de eliminar a discriminação positiva alegando que já não é necessária. Em 2012, o Supremo estudou o caso de uma estudante do Texas que argumentou ter perdido uma vaga universitária porque se deu preferência a estudantes de minorias. Naquela ocasião, os juízes decidiram que um corte de categoria inferior revise de novo a sentença, embora reconheceram que a legislação poderia ser enfrentado a mudanças futuras, coincidindo com a mudança demográfica no país.


Fonte:http://brasil.elpais.com/brasil/2014/04/22/internacional/1398185115_382544.html

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Opinião de alguns pretos sobre as ações afirmativas:
https://www.youtube.com/watch?v=qAQneXfkZFk

Não uso a palavra preto por discriminação ou injúria racial, justo pelo contrário, pois o branco não é chamado de alvo ou claro. Todos são chamadas pela cor, amarelo, vermelho e branco, chamar preto de negro é que seria discriminação.

Raça é um conceito frágil no que se refere à espécie humana.

Tradução livre das palavras de Morgam Freeman do vídeo acima:
"A discriminação racial só vai acabar quando você parar de me chamar de preto e eu de te chamar de branco"

Ou seja, as políticas "afirmativas" apenas reforçam a distância entre os indivíduos con tonalidades de pelé diferentes. Além de não impedirem que alguém que seja considerado negro ou pardo em Santa Cararina (maioria "branca") seja considerado negro na Bahia (maioria "negra"). Ou seja, não há critério objetivo para a classificação, ela depende do meio em que o elemento está (efeito de contraste).

Apenas como ilustração:
https://www.youtube.com/watch?v=0Pz1uCojmeY

No mais: sou no mínimo 75% descendente de imigrantes italianos (não traficaram escravos para o Brasil). Os outros 25%, me renderam o sobrenome Arantes (o mesmo do Pelé), não tem procedência certa (mistureba, inclusive com portugueses, origem do nome). Não devo nada a nenhuma "raça", a probabilidade de que meus ancestrais tenham escravizado pretos e vermelhos no Brasil é tão pequena quanto a de que os ancestrais de Pelé o tenham feito (tem o mesmo nome de origem portuguesa).

Nem as cotas sociais se justificam. Pois se meus impostos mantém a universidade, por que minha filha seria preterida em favor de alguém menos qualificado (precisou de cotas para superá-la) e que já usufrui de meus impostos que lhe são transferidos nos programas assistencialistas de transferência de renda (bolsa família, por exemplo).

Um dos entrevistados no primeiro vídeo comentou sobre beneficiários de cotas que foram reprovados em cursos universitários por não conseguir acompanhar os cursos mais difíceis dos EUA (para pessoas de qualquer etnia). Se estivessem em escolas compatíveis com seus níveis intelectuais eles poderiam ter se diplomado.

Ou seja, as cotas não ajudam nem a quem delas se beneficia. A real promoção da igualdade é melhorar os ensinos de primeiro e segundo grau, que mais rapidamente preparam para a vida e para o mercado profissional. continuar lendo