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19 de Abril de 2024

Sites que exaltam “encoxadas” se multiplicam e praticantes marcam até “rolezinhos”

Violência é descrita com detalhes em redes sociais, blogs e sites; fotos também são divulgadas

há 10 anos

Publicado por Ana Cláudia Barros

Sites que exaltam encoxadas se multiplicam e praticantes marcam at rolezinhos

Utilizar transporte público lotado pode ser uma experiência desagradável para muitas mulheres. Não são incomuns os casos de passageiras que sofrem abuso sexual. Mas esta violência nem sempre fica restrita a ônibus, trens e metrôs. Uma busca rápida pela internet revela que a prática é exaltada em redes sociais, sites e blogs. Sem pudor ou constrangimento, os “encoxadores”, como se autodenominam, compartilham experiências, marcam encontros e trocam imagens das vítimas e relatos do que muitas vezes chamam de “brincadeira”.

Página do Facebook reúne "encoxadores"Reprodução/Facebook

As histórias, que vêm de várias partes do País, chamam atenção pela quantidade de detalhes e descortinam a certeza da impunidade. Em uma das páginas no Facebook, um homem, recém-aceito em um grupo do tipo, sugere um “rolezinho da encoxada”.

— Bom dia, muito obrigado por me aceitarem no grupo. Sou um encoxador nato. Quem sabe marcamos um rolezinho da encoxada, né?!

No mesmo grupo, outro integrante, que diz ser de São Paulo, faz uma alerta aos participantes.

— Atenção! Venho comunicar, como já havia ouvido falar, mas se confirmou! Aí galera que gosta de uma brincadeirinha como eu, no Metrô... Um amigo meu que trabalha lá confirmou que estão mandando homens e mulheres à paisana para pegar encoxadores, e o negócio fica feio depois que tiram do vagão! Tomem muito cuidado, volto a dizer, vamos marcar, evita um monte de problemas!

Em outra página na rede social, que conta com 191 participantes, incluindo mulheres, um usuário deseja “a todos e todas um bom carnaval e um bom encoxamento nos blocos, metrô, trem e aí vai”.

Neste mesmo grupo, o relato de um integrante sobre episódio de abuso contra uma passageira em um coletivo recebe o elogio de um dos participantes: “Buena técnica...”

Já em um grupo do Rio de Janeiro, após descrever minuciosamente como "encoxou" uma mulher, o autor da história garante: “Mais uma vez, digo aqui que meus relatos são todos reais”.

O compartilhamento de experiências na internet pelos abusadores não é algo recente. Na rede social Orkut, é fácil encontrar comunidades do gênero. Uma delas, de Brasília, criada em 2008 e com 730 participantes, estimula abertamente a prática.

Na mesma rede social, é possível encontrar comunidades de repúdio, como “Odeio tarados encoxadores!” e “odeio encoxadores!”

Punição

O advogado criminal Marcelo Feller explica que há três possibilidades, do ponto de vista penal, para classificar a forma de agir dos “encoxadores”: estupro, violação sexual mediante fraude e importunação ofensiva ao pudor.

Para ser entendida como estupro, destaca o advogado, a conduta deveria ser marcada por grave ameaça, mesmo que não haja conjunção carnal. A pena varia de seis a dez anos de prisão.

Se a mulher estiver em uma situação em que a livre manifestação de vontade dela seja impedida, a conduta pode ser classificada como violação sexual mediante fraude. A pena vai de dois a seis anos.

— Ela precisa ficar impedida de sair dessa situação. Não há violência, grave ameaça, mas há algum meio que impossibilita a livre manifestação dela.

Neste caso, a interpretação do juiz pode variar, segundo Feller.

— O fato de o ônibus estar lotado impede ou dificulta a livre manifestação de vontade da mulher ou ela pode gritar? Perceba como é tênue.

No caso de uma situação considerada menos grave, o acusado poderá responder por importunação ofensiva ao pudor, que não é um crime, mas uma contravenção penal. Também dependerá da avaliação do magistrado. A pena prevista é de multa de 200 mil Réis até dois contos de Réis, moeda da época em que a lei foi elaborada. Neste caso, seria preciso fazer a conversão para o Real.

Metrô e CPTM pedem ajuda da população para identificar “encoxadores” nos trens

Depois da prisão de um homem suspeito de "encoxar" e de tentar tirar calça de passageiraem trem lotado da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a companhia e o Metrô pedem a cooperação dos usuários para identificar e denunciar práticas de constrangimento e comportamentos inadequados no interior dos trens.

Os usuários devem denunciar os suspeitos imediatamente a algum agente de segurança. Outra opção é mandar um torpedo para o SMS-Denúncia, que garante total anonimato do passageiro. No Metrô, o número é 9 7333-2252. Já a CPTM disponibiliza o celular 9 7150-4949 ou o telefone (0800) 055-0121.

As empresas afirmam que mantêm equipes de segurança preparadas para lidar com atitudes suspeitas, como agentes nas plataformas, trens e terminais, e também câmeras para reforçar a vigilância.

Na última segunda-feira (17), um desempregado de 24 anos foi preso por suspeita de abusar sexualmente de uma passageira da linha 7-Rubi da CPTM, entre as estações Tatuapé e Luz.

De acordo com a polícia, a vítima, uma supervisora de 30 anos, estava dentro do trem lotado, quando o desempregado se posicionou atrás dela na tentativa de “encoxar” a mulher.

O desempregado A. A. S., que cursa administração de empresas, alegou inocência e disse que não encostou na vítima.

No último fim de semana, o R7 denunciou a existência de grupos de molestadores que usam a internet para compartilhar experiências, marcar encontros e trocar imagens das vítimas e relatar casos de abuso sexual.


Fonte: http://noticias.r7.com/são-paulo/sites-que-exaltam-encoxadas-se-multiplicamepraticantes-marcam-ate-rolezinhos-18032014

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27 Comentários

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É impressionante como conseguem piorar o que já é degradante. Como se já não bastasse a forma sódida como as pessoas são transportadas, ainda surgem figuras que querem tirar proveito dessa situação.
O Brasil agoniza por educação e mais cidadania. continuar lendo

Pior é que é verdade. Venho de metrô para o trabalho e considero degradante a forma como somos transportados, com superlotação, falta de ventilação e um odor horrível. Se isso não fosse suficiente, ainda tem mulheres que precisam lidar com esses "Dom Juan" dos rolezinhos. continuar lendo

Num país em que Lepo Lepo faz sucesso, qual o comportamento esperado entre a população? Respeito? Simplesmente os encoxadores estão indo na direção do que é valorizado. Bem vindo ao Brasil.... Você deve ter feito algo terrível em vidas passadas para reencarnar nesse chiqueiro que se intitula país !! continuar lendo

Simples assim! continuar lendo

Concordo!!!!!!!!!! continuar lendo

sim, concordo é a cultura que a mídia passa para o povão. continuar lendo

Lepo Lepo, muito leve? Vai ouvir as músicas da Valesca Popozuda e o Funk tradicional do RJ que vc vai achar que Lepo Lepo é obra prima!! continuar lendo

Humpft! A legitima defesa pessoal consta em leis. O gênero feminino tem um ponto fraco físico: os seios e o gênero masculino outro: a área da genitália. Mas pessoas do gênero feminino teêm que ter coragem para aplicar o ato de defesa. Sentiu-se agredida, leve a mão para tras e agarre a genitália do agressor (só o escroto) e aperte. O grito que êle soltará "acordará defuntos" e alertará as pessoas próximas. continuar lendo

Todo mundo já sabe, aqui é Brasil, nada acontece. E em uma perspectiva futura, a situação tende a piorar. continuar lendo